Templo Umbandista Aioká: representantes de uma religião centenária em Assis

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No capítulo de hoje, da série 118 anos de Assis., falaremos sobre o Templo Umbandista Aioká. Uma história de amor que completará 11 anos na cidade: desde 26/05/2012, eles têm desenvolvido um trabalho fraterno, espiritual e de crescimento pessoal.

Mas, antes, conheça a história desta religião genuinamente brasileira, miscigenada e cristã.

A Umbanda surgiu no país no dia 15 de novembro de 1908. O anunciador desse credo foi o médium Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975), com forte base no Kardecismo, ou seja, nos estudos e práticas de Allan Kardec.

A Umbanda é uma religião urbana influenciada pelas práticas religiosas das senzalas que, por sua vez, eram sincretizadas com as práticas dos escravos. Assim, a história mostra que ela é uma religião que surge na transformação das cidades pela necessidade de integrar as práticas ritualísticas das senzalas com a exigência de um espaço urbano menos livre e mais ordenado, trazendo cultos mais compreensíveis para o povo em geral.

A Umbanda possui uma liturgia própria, com aspectos de diversas religiões, como o cristianismo, o espiritismo, com códigos Kardecistas, rituais de religiões africanas, pajelança e magia europeia, com uma grande representações destas práticas. Por isso o aspecto de miscigenação, e não sincretismo, onde símbolos são utilizados "com outra roupagem".

Usa a mediunidade como canal de espiritualidade, transformação e redenção. Suas práticas são utilizadas para oferecer suporte, e não meramente resolver problemas . Busca conscientizar as pessoas de sua capacidade, e de como desenvolver uma espiritualidade mais madura, oferecendo a caridade, acolhimento e auxílio, em momentos de dor.

Aioká, que vem do iorubá Àyòká, oriki feminino que significa "aquela que provoca alegria ao seu redor", refere-se ao fundo do mar e sua vastidão, e é provavelmente um dos nomes de Iemanjá. O templo em Assis, sob responsabilidade do padrinho Reinaldo, foi criado após a permissão das entidades superiores da cidade, no caso, sua Mãe-de-santo, dentro de uma linhagem espiritual, de acordo com suas crenças.

Reinaldo nos informou que a Umbanda não pratica coisas que sejam contrárias à liberdade humana. Não há despachos, amarrações ou feitiços. As sessões são iniciadas com um culto a Deus, e agradecimento às emanações divinas manifestadas na natureza e preces. O Evangelho é explicado como uma forma de reforma íntima e melhoria pessoal, de acordo com os ensinamentos do Mestre Jesus. Em seguida, são realizadas as incorporações, para atendimento das pessoas presentes.

Os participantes trabalhadores do Templo são voluntários, sem qualquer forma de remuneração, e a assistência aos presentes é rotativa, dentro do que chamam de corrente mediúnica.

O Padrinho informou que ainda há bastante preconceito, e os praticantes da Umbanda são frequentemente associados a práticas de magia, que nem mesmo brasileiras são. Conversar e conhecer o próximo, mesmo quando as ideias são distintas, é uma forma de se combater a intolerância, inclusive religiosa, e promover o bem-estar de todas as pessoas. Reinaldo, inclusive, afirmou que sente falta de cultos inter-religiosos, realizados em lugares neutros e que contemplem as várias vertentes religiosas.

O Templo Umbandista Aioká, sediado na Rua Apucarana, vem escrevendo histórias de amor em Assis e, convivermos em harmonia, amando e cuidando de nosso próximo, é uma das melhores formas de fazermos com que este amor seja espalhado, para melhorar as vidas de todos.

Respeito, sempre, em qualquer ocasião.