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Vacinação em Botucatu deve refletir com queda de casos Covid a partir da 2ª quinzena de junho, diz pesquisador

De acordo com Carlos Fortaleza, a partir da próxima semana o efeito da imunização, que ainda esta em primeira dose, deve gerar uma redução nos casos de internação.

Portal G1

  • 14/06/21
  • 16:00
  • Atualizado há 149 semanas

Na quarta semana após a o início da vacinação em massa em Botucatu (SP) a cidade ainda registra um aumento na média diária de casos de Covid-19, porém, segundo especialistas essa realidade deve mudar a partir da segunda quinzena de junho.

A cidade participa de um estudo inédito de efetividade da vacina Oxford/AstraZeneca, inclusive contra as cepas do coronavírus, e toda a população adulta, de 18 a 60 anos, está sendo vacinada. No dia 16 de maio aconteceu a primeira ação, quando mais de 66 mil pessoas foram imunizadas desse público que era estimado em quase 80 mil pessoas.

Segundo o médico infectologista e responsável pelo estudo, Carlos Fortaleza, a tendência é que, como vacina ameniza os sintomas, a transmissibilidade fique menor nos próximos dias. E a partir dessa queda na transmissibilidade também deve passar a cair a taxa de internações, ou seja, do desenvolvimento de casos graves que precisam de hospitalização e, por consequência, a redução das mortes.

"A nossa expectativa é que após três, quatro semanas após a vacinação quando o nosso organismo começa a criar os anticorpos eficazes nas pessoas haja uma redução significativa dos casos, isso deve ocorrer em meados de junho", explica.

Ainda de acordo com o especialista a expectativa com essa primeira dose é de uma eficácia de 70% contra o vírus durante os três meses até a segunda dose.

Média diária e aulas suspensas

Segundo o secretário de Saúde de Botucatu, André Spadaro, o aumento dos casos de Covid já era uma realidade não só de Botucatu, mas de todo o estado de São Paulo na semana anterior ao início da vacinação em massa.

"É importante a gente ressaltar que no sábado, um dia antes da primeira ação de vacinação em massa no dia 16 de maio, nós fechamos a semana com aumento de 70% nos casos de Covid e essa alta se manteve. Mas, nos acreditamos que a partir de agora, completados os 21 dias da imunização da primeira dose, que é o tempo esperado para efeito, mas claro mantendo todos os cuidados necessários até a segunda dose, que quem foi contaminado nesta semana siga a tendência de quadros mais leves da doença, que o que se espera com a vacina, porque não é diminuir a transmissibilidade, isso a gente faz com as medidas de prevenção como o uso da máscara e evitar as aglomerações. Mas, o que já podemos notar é diminuição dos casos mais graves. As pessoas que estão sendo internadas estão precisando menos da UTI, de menos oxigênio."

O secretário reforça também que a efetividade da vacinação deve ser aliada aos protocolos de prevenção ao coronavírus. "O processo [de redução dos casos> não é imediato, ele vai acontecendo ao longo do tempo até chegar a um ponto máximo cerca de três semanas após a segunda dose, por isso até lá é importante que as pessoas sigam as medidas de prevenção para que a gente possa ter o melhor resultado da vacinação em massa."

Segundo os dados dos boletins epidemiológicos de Botucatu, nas últimas semanas a média de casos de Covid-19 ficou assim:

- 25/04 a 01/05: 56 casos por dia (média)

- 02/05 a 08/05: 52 casos por dia (média)

- 09/05 a 15/05: 89 casos por dia (média)

- 16/05 a 22/05: 92 casos por dia (média)

- 23/05 a 29/05: 91 casos por dia (média)

- 30/05 a 05/06: 93 casos por dia (média)

- Últimos 7 dias 142 casos/ dia (média)

Diante dessa situação, a prefeitura decidiu suspender o início das aulas do fundamental do ensino fundamental que estava marcado para a próxima segunda-feira (14). A medida também suspendeu o retorno das aulas do ensino médio e técnico em todas as redes.

As escolas municipais vão continuar com aulas remotas, entrega de atividades impressas, além de oferecer alimentação para alunos avaliados pelo serviço de assistência social. Além disso, a prefeitura também intensificou a fiscalização no cumprimento das regras do Plano São Paulo.

Estudo da AstraZeneca

A vacinação em massa em Botucatu faz parte do projeto de estudo da vacina produzida pelo laboratório AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), elaborado pela parceria entre a prefeitura, Ministério da Saúde, Governo Federal, Unesp, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, e Fundação Gates.

Desde o dia 16 de maio, que foi chamado de dia D da vacinação em massa quando mais de 66 mil pessoas foram vacinadas em uma estrutura igual a usada nas eleições, a cidade vem realizando ações para imunizar toda a população adulta, entre 18 e 60 anos, exceto as grávidas que só podem receber doses da Coronavac ou da Pfizer, como parte do estudo.

No dia 22 uma nova vacinação em massa foi realizada. Mais de 8 mil pessoas se cadastraram para receber o imunizante e pouco mais de 5 mil doses foram aplicadas. Também foram feitas vacinações para estudantes da Unesp e de moradores da zona rural.

Na sexta-feira (11), terminou uma última etapa para vacinação das pessoas que não foram imunizadas nessas ações. Uma triagem foi feita durante toda a semana, do dia 7 ao dia 11, de pessoas que se cadastraram no site da prefeitura e receberam as orientações via SMS para uma nova avaliação de documentos para poder receber a dose da vacina.

Todo o processo de cadastro e vacinação em Botucatu tem o acompanhamento e auditoria realizados pelas Forças de Segurança do Município (Guarda Civil Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar), OAB Botucatu, Justiça Eleitoral, Ministério Público e Tribunal de Justiça de São Paulo.

Sequenciamento genético

Após receber a vacina, o morador de Botucatu deve assinar um termo para autorizar, em caso positivo de Covid-19 depois da aplicação, os procedimentos para fazer o sequenciamento genético do vírus.

Essa análise do material genético de testes positivos é a principal ferramenta do estudo de efetividade. É com o sequenciamento genético que os cientistas vão descobrir se a vacina consegue reduzir tanto os casos graves da doença quanto a transmissão das variantes.

Para autorizar, é simples e seguro: basta assinar um documento. Esse tipo de termo é comum em pesquisas e foi aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão que monitora e fiscaliza a aplicação de políticas públicas do SUS. O termo garante sigilo dos dados que só vão ser registrados pelos cientistas.

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